Pular para o conteúdo principal

"Elas por Elas" é um filme feito por mulheres para todos

As várias definições sobre mulheres e suas lutas

Honestamente, não sei como iniciar este texto sem soar clichê demais ou, quem sabe, sem inspiração. Não porque esteja prestes a falar sobre um filme difícil ou complexo, mas porque o tema em questão não me tem 100% como público alvo; mais do que isso, é um filme que mesmo após uns dois dias digerindo, ainda não encontro todas palavras necessárias para expressar - e olha que já fiz um mini texto para meu Letterbox e, consequentemente, para meu Instagram.

"Elas por Elas" é aquele típico filme que assisto por curiosidade e, no fim, saio bem surpreso com o que assisti. Muito disso se deve a forma como todas os sete curtas contidos nas quase duas horas de produção são narrados, porque temos visões diferentes sobre mulheres em situações diferentes.

Por ser uma antologia, dá para dizer que o conjunto da obra tem tanto peso quanto os curtas isolados, porém acredito que seja ainda mais válido dizer que o conjunto funciona de maneira bem orgânica e funcional dentro de sua proposta, afinal estamos falando sobre filmes focados em mulheres, tendo direção de mulheres e tramas que focam muito na luta diária das protagonistas femininas.

Ok, podemos mencionar que alguns destes curtas possuem lá seu pé na realidade, todavia acredito que isso é o que torna todo conjunto ainda mais bem pensado e produzido, pois temos muito o que andar ainda para que as coisas não sejam tão desiguais para as mulheres e aqui isso fica bem claro, afinal de contas temos mulheres que se desdobram em vinte para sustentar a casa, cuidar dos filhos, fazer as tarefas domésticas e ainda se manter focada nos objetivos; ao mesmo tempo que temos diversos outros pontos de debate referente as causas feministas - que caberiam um texto a parte, porque aí entra uma pesquisa mais profunda e tal.

O que quero dizer aqui é: o filme acerta muito em ter uma noção do que ele deseja abordar, mesmo que o saldo total não seja 100% bem alinhado, porque há alguns curtas que você percebe que demora para engrenar no ritmo, mesmo com um ato final bonito - "SHARING A RIDE" estou olhando para você, pois a pauta que você aborda é linda, mas é confusa para caramba até o meio da história.

Porém, mesmo com esse ritmo meio enrolado em alguns dos curtas (para mim, isso é em dois dos sete, então... ei, temos um saldo que pende de forma mais positiva aqui), podemos dizer que o filme é um acerto em tanto, até por sua proposta honesta e que consegue entregar exatamente o que sua sinopse propõe. É o tipo de filme que chega para nos fazer pensar, nos fazer entender que, de forma geral, mulheres tendem a passar por mais perrengue e, mesmo assim, fazer seu melhor para se sobressair e matar um leão por dia. 

Temos aqui um filme que não se priva do debate, pelo contrário; mas é necessário entendermos que ele levanta a bola para que o espectador a compreenda e reflita sobre as histórias ali relatadas, tanto que há até alguns temas mais sensíveis, como violência doméstica, problemas com drogas e abuso. São questões delicadas que, aqui, são trabalhadas com os devidos cuidados dentro de suas propostas.

No mais, acredito que seja válido mencionar que, sim, esse é um filme extremamente válido de você ir conferir no cinema, em especial se deseja assistir algo diferente e que te fará pensar um pouco sobre algumas histórias. Me arriscando a dizer de forma mais ampla, é o tipo de filme que, por ser redondo dentro de sua proposta, merece uma atenção e vale seu ingresso e tempo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nefarious e a ideia de "conversar com o demônio"

Filme entrega uma construção interessante dentro de sua proposta, contudo há tropeços no caminho

Coisas do Amor e o emaranhado de ideias para um confort movie

O tipo de filme que, sim, você precisa dar uma chance e entender que, as vezes, finais felizes não precisam fazer sentido