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Resenha - Burn the Witch

Afinal, é hora de tirarmos o elefante branco da sala e, quem sabe, entendermos a limitação do autor

Pegando todos com certa surpresa, Tite Kubo nos presenteou este ano com Burn The Witch; o que era uma one-shot, virou um mangá curto - onde, inicialmente, teríamos 4 capítulos nas páginas da Weekly Shonen Jump - e, de brinde, ainda virou parte de algo maior ganhando um filme adaptando o mangá.
Ao fim do mangá, tivemos a informação que teremos outra “temporada” da série nas páginas da principal revista para garotos no Japão e, com isso, tivemos a certeza que Tite Kubo é um excelente marketeiro e sabe trabalhar o hype que cria em seu público, porém dá para dizer que faltou algo em Burn The Witch. Faltou alma e, de certa forma, inspiração.


A obra, que de certa forma é um sucessor espiritual de Bleach, tem como ambientação Londres; onde temos uma agência voltada para caçar dragões e impedir que os bichos deem problemas no mundo real. Em miúdos, é esse o plot geral da série e, neste plot bem básico, que encontramos nossos personagens principais.
Dá para dizer, em linhas gerais, que os personagens são interessantes e que poderiam nos gerar alguma simpatia, porém, neste primeiro momento, eles são os estilos mais simplistas possíveis. Além de, um desses personagens (o Balgo), ser aquele tipo de personagem bobão que está ali só para ser salvo ou gerar situação cômica (como na one-shot, onde ele apenas quer ver calcinha).


Deixo adianto de antemão que, mesmo não possuindo personagens carismáticos demais, eles ainda conseguem entregar aquilo que o roteiro - que é extremamente básico, com uma ou duas surpresas ao fim da primeira temporada - pede. São personagens que você vai lembrar de um ou outro ao final da leitura ou fim do animê, porém não lembrará de muitos feitos marcantes.

Fora isso, é importante citar que o filme comete um erro complicado; que é não te apresentar background, pressupondo que você leu a one-shot da série; a versão em mangá não comete esse erro, pois o volume encadernado da 1º temporada traz a história que deu origem a tudo isso.
Ainda falando do filme, justamente por trabalhar com esse pressuposto que o filme animado não esconde o maior defeito da obra, que é, justamente, ser algo extremamente raso e sem propósito. Burn The Witch é, basicamente, um show off de visual bonito; sendo que a arte é feita basicamente para que você esqueça da falta de rumo que o roteiro possui.
Não que isso seja negativo, se você procura um escapismo básico; contudo há um erro crucial em tratar seu público como alguém sem expectativas por algo minimamente bem construído. Dá para dizer que a série peca por não saber construir algo que realmente tenha algum senso de urgência em conhecer mais.



No fim dos 4 capítulos - por consequência, do filme - o arco é fechado e temos algo que dá pontos para uma continuação, como ocorrerá de fato; porém é preciso dizer que tudo é feito de forma, que quando encerra, você sinta que está satisfeito com o conteúdo entregue e fique feliz enquanto aguarda a segunda temporada do mangá - sem data definida para sair.

Apesar de todos os defeitos que a série possui, acredito que possamos dizer que, para quem esperava algo do Kubo, isso vem certeiro para agradar esse público e para provar que o autor ainda está em alta com seu público.
Burn The Witch, no fim das contas, não é o tipo de obra com alta qualidade que muitos queriam, contudo é algo divertido; mesmo não escondendo o amontoado de clichês que é, e isso, em linhas gerais, não é ruim; pelo contrário é bom, pois serve de escapismo para o público e, honestamente, escapismo é o que mais precisamos neste ano.

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